quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Rascunhos de uma vida.

Por: Rodrigo de Moraes Pinheiro


Ali estava Arnaldo, o céu azul acima dele, com horizonte em seu olhar, pedras soltas aos seus pés, e 5 centímetros a frente um precipício de 40 metros de altura.
Ele estava ali parado, olhando aquele fim de tarde de sol, com um vento forte e gelado batendo em suas costas, quase que como uma mão o empurrando. 
Arnaldo estava ali, mas seus pensamentos não...


Seus pensamentos estavam no filho com o qual adorava jogar futebol
Em sua esposa dormindo, com a boca levemente aberta como sempre fazia.
Em seus amigos de faculdade, época em que aproveitou melhor a vida.
Arnaldo havia se tornado um rapaz de sucesso, tinha um bom emprego e seu chefe o adorava. Era esforçado no seu trabalho. Por conta desse esforço todo conseguiu um bom montante, tinha sossego financeiro.
Seu único filho tinha tudo o que ele não teve na infância.
Sua mulher tinha tudo o que ela queria.
Sua família tinha tudo, menos o Arnaldo, que vivia trabalhando.

Agora tudo se fora,
Sua mulher o deixou, seu filho estava preso por tráfico, Arnaldo não sabia como agir, seus amigos começaram a sumir, diziam que ele era cego e surdo.
A Vida passou por Arnaldo, mas Arnaldo não passou por ela.

E agora ali estava Arnaldo, parado, lendo os rascunhos de sua vida, sentindo o vento.
Ninguém por perto, ninguém para puxá-lo de volta.
Ali estava Arnaldo, com suas lágrimas, com seus joelhos fraquejando, num súbito ganhou força, abriu seus braços, os joelhos ficaram firmes, sua garganta explodiu com um grito de alívio, um grito que se silenciou subitamente.... Logo após, num impacto ouviu-se um barulho de bater de asas, como se centenas de pássaros saíssem de seus ninhos, até que se aquietaram e um silêncio triste se fez.
Ali estava Arnaldo, mas sua vida não... Ela voara como uma folha de rascunho.



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