quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Thor: Que deus é esse?



Um deus que caminha entre os homens. Thor. Um guerreiro nórdico, campeão de uma terra de deuses, dono do poder de controlar trovões e tempestades. Um viking, capaz de empunhar uma das mais poderosas armas já concebidas - o martelo Mjolnir. Thor foi enviado à Terra como um castigo imposto pelo seu pai, Odin, para aprender com as fraquezas e a humildade dos seres humanos.

Um belo roteiro. E que não haja injustiça, não nasceu nos quadrinhos. Na mitologia nórdica, a história de Thor é vasta e representativa das crenças humanas. Parte desse material foi parar nas HQ's, por meio de Stan Lee, Larry Lieber, Jack Kirby e Joe Sinnot, em 1962. A adaptação funcionou e os leitores se encantaram rapidamente com a fala pomposa, a armadura prateada e o martelo mágico, que sempre retornava para as mãos de seu dono. O “deus do trovão” é um herói há cinco décadas.

Thor já apareceu em várias histórias em quadrinhos. Nelas, fundou os Vingadores, cruzou o universo em guerras espetaculares, virou um sapo, trabalhou como operário, ganhou um clone alienígena, carregou cicatrizes no rosto, perdeu e recuperou os poderes mais de uma vez... enfim, uma longa jornada. No cinema, ganhou um filme próprio, caprichado, em 2011. Thor só não ganhou, até agora, a devoção de um deus. E não é difícil compreender o motivo.

Que deus é esse que não tem um propósito para o nosso mundo? A humanidade é grata pelas tantas vezes que ele salvou vidas, cidades, países. E depois de tudo isso? Depois da bebedeira com os amigos heróis, o que é que sobra? O que ele quer ensinar? Nem Thor sabe.

Odin tem razão, existe um vazio no coração orgulhoso do seu filho. E que deus é esse que veio habitar neste mundo por conta de um castigo? Foi este o decreto:

"Tu és o filho favorito de Odin! Além de valente e nobre, tua alma é imaculada! Mas ainda assim és incompleto! Não tens humildade! Para consegui-la deverás conhecer a fraqueza… sentir dor! E para isso necessitas deixar o Reino Dourado e despir-te de tua aparência divina! A Terra, lá aprenderás que ninguém pode ser verdadeiramente forte se, em realidade, não for humilde!".

Então ele só veio porque foi obrigado? E não tinha humildade nem a sabedoria para reconhecer de onde procede a verdadeira força? Que deus é esse, que vive tantos anos e não consegue buscar aquilo que realmente importa para a dignidade e o caráter? Que deus é esse que troca o diálogo pela força bruta? Depois de séculos perdidos em combates, ele ainda acredita que as diferenças possam ser resolvidas dessa forma? Será que martelo não pode ser usado para construir uma casa para os pobres ou abrir nascentes, no deserto?

Pobre divindade esta, a do Thor.

Deus mesmo é aquele que decide descer ao mundo dos humanos por conta própria, por amor, ocultando seu poder infinito. Que decide encarnar numa criança e experimentar a vida do “zero”, sem privilégios. Um sofredor, como qualquer um de nós. Que não encara isso como um castigo.

Deus mesmo é aquele que nunca escondeu a real missão da sua vida, que mostrou que é possível resolver as diferenças não pela força bruta, nem pelos poderes sobrenaturais. Deus mesmo é aquele que jamais precisou vestir uma armadura, e que nem teve onde repousar a sua cabeça.

Deus é aquele que nos ensinou a ser como Ele, homem, e não como Ele, Deus. Que jamais nos colocou debaixo de alto tão inatingível. Foi como homem que viveu neste mundo, foi como homem que nos inspirou. E quando queremos ser como um deus, então, na verdade, queremos ser como Thor...

Deus mesmo é aquele que usou um martelo, sim, mas no seu ofício de carpinteiro, para sustento da família. E foi com um desses que seus inimigos o pregaram numa cruz, para morrer. E aquilo que arremessava, que partia e voltava, Ele ensinou, era a Sua palavra, que não retorna jamais vazia.

Deus mesmo é aquele que conhece a eternidade, e contudo soube usar 3 anos, apenas 3 anos do calendário terrestre, para pregar uma mensagem que revolucionaria o futuro.
Não dá para crer que Thor tenha sequer um seguidor fiel, desse jeito. É herói, sim, mas não é deus.

Até tem um bom coração. Mostrou que já descobriu o real caminho da redenção. Foi quando ele teve a chance de voltar a viver na cidade de Asgard, perdoado pelo pai Odin. Mas Thor não quis ir para casa. Havia descoberto como é bom caminhar entre a humanidade e aprender com ela. O deus do Trovão se apaixonou pela nossa fragilidade, aprendeu a respeitar os outros e viu como é possível existir sem empunhar uma espada. E viu que era bom.

Se Thor percebeu isso tudo, então tomou contato com a mensagem de Jesus Cristo. E aquele que se intitula “deus do trovão” se prostrou, enfim, diante do Deus do amor.

3 comentários:

  1. Crédito ao grupo "Deus no Gibi"

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  2. E como sempre, o Deus do amor, presente nas histórias em todo o mundo, (ou todos os mundos).

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  3. Bom, não entendi porque misturar duas mitologias tão distintas num post, são povos diferentes... A mitologia nórdica acredita que a batalha leva a redenção... Contudo, gostei do blog.
    Entrei pois vi no bolg da Cleicianne, achei que seu, deveria ser um tanto tacanho, (Pois a Clei é só um personagem) enfim, achei que daria risadas por aqui, peço desculpas pelo pensamento =).

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